Texto: SÍLVIO ANDRADE
DO NOVO JORNAL
DO NOVO JORNAL
SOBRE A CABEÇA os aviões; no asfalto,
médicos, profissionais do setor e estudantes de medicina, que
protestavam contra as mazelas da saúde pública do Estado, foram
encurralados pela Polícia Militar e pelo Exército. Foi nesse clima de
temperatura elevada, à margem do desfile da Independência, no final da
manhã de ontem, que transcorreu o confronto.
Policiais
Militares e soldados do Exército agrediram manifestantes, inclusive uma
mulher grávida de sete meses. O embate entre policiais e manifestantes
ocorreu por volta das 11h40, momentos antes do encerramento do desfile.
Dos agredidos, duas mulheres pertecem à Comissão Estadual e Nacional de
Direitos da Saúde da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A médica,
sindicalista e candidata a vereadora Sônia Godeiro também foi empurrada e
também empurrou PMs, depois de um bate-boca e troca de palavrões.
No tumulto, policiais militares também
foram empurrados por manifestantes no protesto. Alguns, que pediram para
não serem identificados, comentaram que achavam justo o movimento e
gostariam de estar do lado dos manifestantes, que cantaram o Hino
Nacional enquanto militares marchavam na avenida Prudente de Morais.
O Sindicato dos Médicos do Rio Grande do
Norte (Sinmed/RN) e Federação Nacional dos Médicos (Fenam) organizaram o
movimento “Marcha pela saúde”, que começou pacífico e evoluiu para o
confronto.
Um grupo de cerca de 140 pessoas saiu às
9h54 da Praça 7 de Setembro, Cidade Alta, uma escolha simbólica para a
ludir à falta de independência na saúde pública do Estado, explicou o
presidente do Sinmed e Fenam, Geraldo Ferreira. Os médicos e estudantes
de medicina viveram ontem a primavera dos protestos da categoria, contra
o que consideram a falência do sistema de saúde pública do Rio Grande
do Norte, debaixo de um sol do verão de mais de 30 graus. Contra as
palavras de ordem dos manifestantes, funcionou a repressão da Polícia
Militar e do Exército.
A passeata dos médicos partiu pela Rua
Ulisses Caldas, na Cidade Alta, percorrendo a Avenida Deodoro e Rua
Potengi. Por trás do Palácio dos Esportes, um grupo de soldados do
Exército logo formou uma barreira, que impediu a entrada de
manifestantes e do público que foi assistir ao desfile. Foi o primeiro
embate e a primeira agressão que Elke Cunha, da Comissão Nacional de
Direitos da Saúde da OAB/RN, sofreu; ela foi agarrada por soldados do
Exército, que não a deixaram furar a barreira formada contra os
manifestantes. Depois foi agredida também por policiais militares.
Em uma nova tentativa de furar o
bloqueio, os manifestantes foram para a Rua Trairi, em frente ao Palácio
dos Esportes, distante cerca de 150 metros do palanque das autoridades
que assistiam ao desfile. Mais uma vez, repelidos pelos soldados do
Exército, que se posicionaram atrás de grades de ferro, seguiram pela
Floriano Peixoto e rua Dr. Manoel Dantas, ao lado da Maternidade
Januário Cicco, ponto de início dos desfiles.
“Vem pra luta você também” era uma das
palavras de ordem dos manifestantes para ganhar a adesão da população,
que estava mais interessada na manifestação cívica tropicália de mais um
desfile em comemoração à Independência do Brasil.
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